ETICS
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Reboco Térmico pelo Exterior é um termo usualmente aplicado para definir os sistemas compostos que se aplicam pelo exterior dos edifícios e que cumprem duas funções essenciais: proteger o edifício contra os elementos garantindo ainda um agradável aspecto estético e fornecer conforto interno à habitação eliminando pontes térmicas.

Outras definições

O reboco térmico é também conhecido na Europa pela sigla ETICS (External Thermal Insulation Composite Systems). Em Espanha costuma ser designado por SATE (Sistema de Aislamiento Térmico Exterior). Em países anglófonos, especialmente nos Estados Unidos, usa-se o termo EIFS (External Insulation and Finishing System).

Em documentos técnicos nacionais também é usual encontrar as definições "Isolamento Térmico de Fachadas pelo Exterior" e "Reboco Delgado Armado sobre Poliestireno Expandido".

História

Após a Segunda Guerra Mundial a Europa atravessou uma difícil situação económica. A escassez dos combustíveis conduziu a um crescente aumento do seu custo. Isto levou à realização de diversos estudos visando solucionar melhorar o isolamento térmico das habitações, evitando assim o aumento de consumo de combustíveis. Verificou-se que o isolamento térmico seria mais eficaz se aplicado pelo exterior das fachadas.

Durante os anos 40 do Século XX, surgiu na Suécia um sistema de isolamento térmico de fachadas pelo exterior que era constituído por lã mineral revestida com um reboco de cimento e cal. De acordo com alguns autores, o responsável pelo desenvolvimento dos sistemas de reboco delgado armado sobre poliestireno expandido, teria sido Edwin Horbach. Terá sido num pequeno laboratório, que construiu na sua cave, que testou diferentes composições de reboco, diversos produtos de reforço e materiais de isolamento. Após contactos com um fabricante alemão de poliestireno expandido, o seu sistema de isolamento térmico começou a ser usado no final dos anos 50.

A primeira utilização de um sistema de revestimento e isolamento térmico pelo exterior em grande escala foi efectuada na Alemanha nos finais da década de 1950. A aplicação visava impedir que os grãos de açúcar em silos se pegassem sob a acção da condensação. O primeiro uso doméstico, também naquele país, deu-se no início da década seguinte.

O sistema foi introduzido nos Estados Unidos da América no final dos anos 60 por Frank Morsilli, fundador da empresa Dryvit Systems, Inc. O sistema teve de sofrer algumas alterações para que se adaptasse ao tipo de construção existente e ao mercado americano (por exemplo, menor espessura de reboco).

Desde então e especialmente após a crise do petróleo na década de 70, estes sistemas que poupam energia e regulam o ambiente interno dos edifícios têm sido usados desde a Sibéria à Arábia Saudita. Na Alemanha, onde o sistema mais desenvolvimento sofreu, cerca de 60% das novas construções são equipadas com sistemas de isolamento térmico pelo exterior. Actualmente, segundo dados da EIMA (EIFS Industry Members Association), 30% de todas as fachadas nos EUA são revestidas com sistemas de reboco térmico.

Objectivos

A aplicação de um sistema de isolamento térmico pelo exterior é especialmente recomendada para alcançar os seguintes objectivos:

  • Revestimento exterior de paredes de fachada em edifícios, permitindo proceder à protecção térmica da envolvente vertical do edifício de modo a cumprir os requisitos definidos pelo RCCTE (Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios), proporcionando ainda a protecção contra as solicitações climáticas e o acabamento decorativo das fachadas;
  • Reabilitação de fachadas, permitindo melhorar o seu comportamento térmico de modo a cumprir os requisitos definidos pelo RCCTE e a recuperação das condições estéticas; possibilita que os trabalhos se desenrolem totalmente no exterior sem interferência com a utilização dos espaços interiores.

Descrição do sistema

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Basicamente, o sistema é constituído pelos seguintes componentes distintos:

  1. fixação ao substrato (alvenaria ou placas OSB), através de parafusos e/ou de massa adesiva;
  2. placas de EPS (Poliestireno Expandido) ou outras placas de isolamento térmico, cuja espessura varia conforme a necessidade de protecção térmica;
  3. rede em fibra que confere resistência mecânica ao revestimento e cuja espessura varia conforme o nível pretendido de resistência ao impacto;
  4. revestimento base que protege o edifício, garantido a permeabilidade ao vapor e a impermeabilidade à água;
  5. primário e regulador de fundo;
  6. revestimento final, de grande elasticidade e disponível numa grande variedade de cores e texturas.

Há ainda que contar com os acessórios, tais como esquineiros metálicos e perfis de arranque na base do sistema.

Vantagens

O isolamento térmico pelo exterior é hoje reconhecido, de forma incontestável, como uma solução técnica de alta qualidade, pois permite:

  • Redução das pontes térmicas, o que se traduz por uma espessura de isolamento térmico mais reduzido para a obtenção de um mesmo coeficiente de transmissão térmica global da envolvente;
  • Diminuição do risco de condensações lançando o ponto de orvalho para o exterior do edifício;
  • Aumento da inércia térmica interior dos edifícios, dado que a maior parte da massa das paredes se encontra pelo interior do isolamento térmico. Este facto traduz-se na melhoria do conforto térmico de Inverno, por aumento dos ganhos solares úteis, e também de Verão devido à capacidade de regulação da temperatura interior;
  • Economia de energia devido à redução das necessidades de aquecimento e de arrefecimento do ambiente interior;
  • Diminuição da espessura das paredes exteriores, aumentando a área habitável;
  • Redução do peso das paredes e das cargas permanentes sobre a estrutura;
  • Aumento da protecção conferida ao tosco das paredes e aos elementos estruturais face às solicitações dos agentes atmosféricos (choque térmico, água líquida, radiação solar, etc.);
  • Diminuição do gradiente de temperaturas a que são sujeitas as camadas interiores das paredes;
  • Melhoria da impermeabilidade das paredes;
  • Possibilidade de mutação do aspecto das fachadas e colocação em obra sem perturbar os ocupantes dos edifícios, o que torna esta técnica de isolamento particularmente adequada na reabilitação de fachadas degradadas;
  • Grande variedade de soluções de acabamento;
  • Poupança energética e conforto interior.
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Impacto do ETICS no CCT

A capacidade de isolamento térmico é expressa no Coeficiente de Condutibilidade Térmica (CCT), habitualmente medido em W/m2°C. Um coeficiente mais pequeno denota uma capacidade de isolamento térmico superior.

Usar um sistema ETICS num edifício tem um impacto muito significativo no seu desempenho térmico. A título de exemplo refiram-se os valores que foram mencionados na revista ProTeste, de Setembro de 2009. No artigo intitulado "Isolar - Guia da casa confortável", na página 38, afirmava-se o seguinte:

"Quanto menor o coeficiente de transmissão térmica da parede, maior a capacidade isolante. Por exemplo, numa parede simples sem isolamento, o valor rondará 1,6 W/m2°C. Já uma parede com 6 cm de isolamento pelo exterior pode atingir 0,35 W/m2°C. Assim, considere este certificado na hora de comprar casa e economize nas facturas de electricidade ou gás."

Naturalmente, os valores acima serão muito menores no caso de uma estrutura LSF, sendo possível atingir 0,19 W/m2 ºC. Saiba mais sobre este assunto no artigo:

Isolamento pelo exterior vs. isolamento pelo interior

Porque é que o isolamento pelo interior da envolvente é geralmente menos interessante do que o isolamento exterior do edifício?

A massa superficial útil (Msi) de cada elemento de construção da envolvente depende, entre outros factores, do posicionamento do isolamento térmico (interior, exterior ou intermédio). Colocando o isolamento térmico pelo interior, o valor de Msi tende para zero, o que reduz o valor de inércia térmica (It).

O Msi obtém-se através do somatório das massas de cada um dos elementos que constitui a envolvente, considerando-se, para esse efeito, apenas os elementos que se situam do isolamento térmico para o interior de fracção. A inércia térmica (It) do edifício é directamente proporcional à massa superficial útil do edifício: quanto maior for o valor de Msi, até ao limite superior de 150 kg/m2, maior será o valor de It e mais elevada será a classe de inércia térmica do espaço interior. Em edifícios com ocupação permanente, em particular se localizados em zonas quentes, a inércia térmica mais elevada (média ou forte) será mais favorável.

Por outro lado, a colocação do isolamento pelo exterior permite um melhor tratamento das pontes térmicas (planas e lineares).

Outra vantagem do isolamento pelo exterior é a redução da possibilidade de ocorrerem condensações no interior das paredes. O ponto de orvalho, a ocorrer, só será alcançado no exterior do edifício.

Poupança energética

Sobre as diferenças entre os dois métodos no que concerne à redução do consumo de energia para climatizar o interior de uma habitação, recordamos o que se publicou na acima referida revista ProTeste de Setembro de 2009:

O proprietário pode escolher entre isolar pelo exterior ou interior. Considerámos a aplicação de poliestireno com 6 cm de espessura. Com este sistema, gasta menos 42% do consumo necessário para ter conforto permanente no Inverno, além de corrigir melhor as pontes térmicas. O isolamento pelo interior, quando bem aplicado, economiza cerca de 35% de energia.

Alternativas ao ETICS no sistema LSF

Caso o proprietário pretenda alternativas para o aspecto exterior da sua casa, poderá recorrer à forra com cerâmica ou pedra, colados sobre as placas de isolamento térmico. Existem ainda variadas soluções de fachadas ventiladas onde os materiais de acabamento resultam num revestimento descontínuo exterior fixado mecânicamente a uma subestrutura independente (pontual ou linear) fixa à estrutura principal. Nestas soluções poderão ser colocados elementos em pedra, painéis de resinas fenólicas, painéis silico-calcarios, painéis metálicos lacados, entre outros. Outras soluções menos populares no nosso país, como as placas vinílicas ou 'vinyl siding' poderão também ser aplicadas.

Alguns construtores talvez proponham a aplicação de um reboco convencional armado com uma rede ou chapa distendida. Esta solução, no entanto, não é recomendada pela Futureng devido aos problemas relacionados com fissuração provocados pela retracção e dilatação do cimento e do metal. Além disso, uma rede amplia o efeito de blindagem electrostática ou gaiola de Faraday. Se isso pode ser considerado benéfico no caso de uma descarga eléctrica, tal como pode ocorrer numa trovoada, tem como desvantagem o reduzir a capacidade de recepção dos aparelhos de telefonia e telecomunicação.

Impermeabilização

Apesar do sistema ETICS permitir as trocas gasosas, sendo permeável ao ar, deverá ser impermeável à água. No entanto, uma deficiente aplicação pode permitir a passagem de água para a zona entre o EPS e o OSB, especialmente se o adesivo não for aplicado em toda a superfície das placas. Infiltrações poderão até mesmo entrar na cavidade das paredes, ensopando os materiais de isolamento, tal como a lã mineral, e por sua vez aparecem manchas nas placas de gesso. No entanto, convém que fique claro que o problema das infiltrações não está no sistema construtivo escolhido, mas sim na deficiente impermeabilização. Só que no caso da alvenaria os efeitos podem levar anos a ser detectados e provavelmente só após causarem danos irreparáveis.

Sempre que o isolamento térmico pelo exterior é interrompido, tal como junto a cantarias, lembramos a necessidade de se aplicarem mastiques para a selagem de juntas. Perfurar o ETICS para aplicar pontos de luz ou fixar qualquer objecto só pode ser efectuado segundo as instruções dadas pela marca. Para isso, recomenda-se a selecção de aplicadores experientes, recomendados pelos fornecedores escolhidos, e que sigam escrupulosamente as regras de aplicação apresentadas pela marca. Naturalmente, estes conselhos aplicam-se a qualquer sistema construtivo.

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